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A bolha

Por Reinaldo Gomes


Nikolas Ferreira em vídeo que espalhou desinformação e fake news sobre as mudanças no pix.
Nikolas Ferreira em vídeo que espalhou desinformação e fake news sobre as mudanças no pix.

O avanço constante da tecnologia tem possibilitado um mundo extremamente conectado. Atualmente, com apenas alguns cliques, você se conecta com alguém do outro lado do hemisfério. Até mesmo as dificuldades, como o conhecimento de outras línguas, é facilitado com um site tradutor. Tais possibilidades poderiam nos proporcionar um enriquecimento de ideias, culturas e troca de saberes. Contudo, o algoritmo colabora para que estejamos presos em bolhas, onde as verdades se assemelham. 


Nós interpretamos o mundo e a realidade, através das nossas verdades, ideais sociais, culturais e pessoais que nos ajudam a compreender os acontecimentos e justificar comportamentos. O algoritmo, ao nos conectar com pessoas com pensamentos e afirmações semelhantes às nossas, nos prende às redes sociais, a bolha. 


Ocasionalmente, algumas "verdades" furam a bolha e atingem pessoas de ideias contrárias, viralizando nas redes, pois tanto os que são favoráveis quanto os que são opostos, se propõe a justificar seu posicionamento referente ao assunto abordado. 


Michael Foucault, se propôs, com sucesso, a estudar como nascem os saberes e como eles se multiplicam. Além disso, o que é fundamental entender como esses saberes se dispõe a justificar os interesses de alguns sobre muitos. Se um pequeno grupo for capaz de explicar o por que de determinado assunto, e suas ideias fizeram sentido para muitos, que adotarão essas ideias como uma "verdade", estarão sujeitos a ela e sendo uma verdade não há porque se opor ou lutar. 


As redes sociais se tornaram um ambiente próspero de navegação, descobrimentos e colonização de ideias. Com o tráfego pago, é possível encontrar, colonizar e “catequizar” grupos que irão comprar uma determinada "verdade". Com isso entendemos o crescimento de grupos fascistas, preconceituosos, racistas e etc. 


Não o bastante, temos os líderes mundiais da tecnologia, comunicação e redes sociais, apoiando e possibilitando a ascensão de ditadores ao poder, através dos meios democráticos. Michael Foucault, também nos ajuda a compreender a importância da linguagem nesse processo, sendo que a linguagem está associada às relações de poder, uma vez que os discursos colaboram para refletir a realidade e justificar verdades. Aqueles que dominam a linguagem e o discurso, se posicionam como donos do conhecimento, construindo saberes e projetando "realidades" que apoiam suas relações de poder. 


Entretanto, a linguagem também está associada à luta, oposição e afirmação de grupos que lutam contra as injustiças e crueldades do grupo dominante. Linguagem e discursos que meus amigos, autores da Clio Operária, dominam com maestria. Muitos filósofos, historiadores, sociólogos e economistas contribuíram com seus estudos, livros e artigos para a compreensão da sociedade e a encontrar meios de lutar contra a opressão, exploração e injustiças que perpetuam a história da humanidade. Na Clio Operária nós vamos  encontrar muitos textos com referências a esses autores, que nos ajudarão a entender  o nosso papel na luta por uma sociedade mais justa. 


Não sou um autor tão ambicioso, nem tão talentoso, sou um trabalhador que também estou em busca do meu lugar nesta luta. Tentando contribuir como posso para uma sociedade mais justa, enquanto luto para sustentar a minha família. Não entrego verdades, mas questionamentos; não busco enfrentamento, mas diálogo; não desejo bolhas, mas criar pontes.


Que esse texto alcance pessoas com "verdades" opostas, mas que desejam o mesmo fim. Uma sociedade mais justa, onde nossos irmãos não morram de fome e que não corramos o risco de ver faltar o pão na nossa mesa, que possamos ter um teto para nos proteger e uma cama para repousar a cabeça. Que possamos dialogar sobre as possibilidades de alcançar direitos iguais para todos. 


Sim, se você é leitor da Clio Operária, você já sabe: eu sou comunista. Deixei isso para o último parágrafo, na esperança de alcançar você, que foi ensinado a acreditar que comunista é vagabundo, que queremos pobreza para todos e tantas outras verdades que permeiam a sua bolha. Se você também almeja um mundo mais justo, com menos desigualdades e com mais oportunidades, eu te convido ao diálogo e ao questionamento. Que possamos rever os discursos e a linguagem; por exemplo, a palavra comunista é usada de forma pejorativa a fim de distanciar as pessoas do que realmente, nós comunistas, almejamos. Talvez você possa descobrir que o mundo que você almeja é o mundo pelo qual lutamos. 


 
 
 

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