Por Lucas Oliveira
O Governo Paulista tem reduzido o tempo dedicado às ciências humanas nas escolas a cada ano. Essa diminuição, que começou no ensino médio, afetará também o ensino fundamental em 2025. Nos últimos cinco anos, as ciências humanas perderam 35,1% de carga horária, e para os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), essa redução chega a 57%. A análise faz parte de uma nota técnica elaborada pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu), com base em dados da própria Secretaria de Educação de São Paulo. As reformas do ensino médio de 2017 e da grade curricular de 2024 são os principais fatores dessa mudança. Disciplinas como empreendedorismo e projeto de vida foram mantidas, mas isso tem deixado os professores de ciências humanas com poucas horas de aulas ou desempregados. Por outro lado, as aulas de português e matemática tiveram um aumento significativo, português teve um aumento de 60% e matemática de 70%. Além disso, as duas matérias possuem plataformas que somente os professores de português e matemática podem lecionar. Com a carga horária de ciências humanas reduzida, o governo paulista criou plataformas que tomaram o lugar das disciplinas como História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Para português, foram criadas duas plataformas, redação paulista e LEIA SP, e para matemática foi criada uma disciplina chamada de educação financeira, e duas plataformas foram contratadas para que os professores de matemática pudessem passar para os alunos, Matific e Khan Academy.
Atualmente, na educação paulista, os professores, sobretudo os professores de matemática e português, são monitores de plataformas, andam com carrinhos de notebooks pela escola toda para que os alunos possam acessar as plataformas. O governo paulista, no último ano, criou uma plataforma intitulada de Escola Total, onde tem total controle sobre as plataformas e se elas estão sendo feitas. Além disso, o governo criou metas agressivas para todas as escolas da rede estadual. Quando uma escola tem pouco resultado nas plataformas, cabe às diretorias de ensino cobrarem as metas impostas pelo governo. Ser professor no laboratório do neoliberalismo no Brasil tem se resumido a isso: bater metas e mais metas, pouco importa o aprendizado do aluno. Após as plataformas criadas e contratadas pelo Estado de São Paulo, o resultado de São Paulo tem caído no IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Um indicador que mede a qualidade do ensino nas escolas públicas e privadas do Brasil.
Com a redução da carga horária das ciências humanas para que outras disciplinas e plataformas pudessem ser adicionadas no currículo paulista, podemos perceber que têm faltado muitos professores, principalmente de matemática e português, nas escolas. Na diretoria de ensino de Jundiaí, existem mais de 20 escolas sem professores de matemática e português, existem escolas que estão atualmente sem 3 professores de matemática. Essa falta de professores tem sobrecarregado outros professores que precisam substituir essas disciplinas, já que na escola de tempo integral, a famigerada PEI, não existe aula vaga.
Portanto, Tarcisio de Freitas e Renato Feder que, ao longo desses anos à frente da Secretaria da Educação, estão precarizando a educação paulista para que as privatizações aconteçam o quanto antes, assim ajudando mais uma vez os seus amigos empresários a enriquecerem com dinheiro público. Um grande exemplo disso é a plataforma Alura, contratada sem licitação, custando um valor de 70 milhões, e a cada acesso dos alunos da rede pública, os empresários donos dessa plataforma vão lucrando cada vez mais.
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